Olá! Senhoras e senhores! Resolvi voltar a escrever hoje, e para isso busquei na minha memória um momento da semana passada.
Estava voltando do curso por volta de 22:00h quando passei pelo centro do bairro onde moro e vi uma cena que todos os dias observo: as pessoas que dormem no chão, no frio e que aprenderam a ignorar o que acontece ao redor. Ficam ali, sofrendo com as noites frias que nós (que temos um teto) reclamamos tanto toda noite. Temos cama, cobertor e teto, eles não. Durante o dia são catadores de latinha, de papel, pedintes, etc. À noite, forram o papelão, improvisam um travesseiro, usam as roupas mais quentes que ainda possuem e se cobrem com algum cobertor (ou não). Todos os dias passo por ali e a cena sempre me incomoda, por mais que passe muitas vezes sem comentar sobre o que estou vendo, fico pensando nos contrastes da vida e em como muitas pessoas não conseguem se sensibilizar vendo aquilo. E é com esse tipo de gente que me deparei nesse dia, porque enquanto passava ao lado de mais uma daquelas camas improvisadas onde uma senhora que devia estar na faixa dos seus 50 anos dormia, vi uma menina que caminhava um pouco mais à minha frente, jovem (entre 18 e 22 anos), acompanhada de mais alguns amigos. Essa menina passou e puxou a coberta da senhora, deixando-a exposta ao sereno e consequentemente a acordando com o susto, a senhora por sua vez, se limitou a apenas falar com uma voz fraca e sonolenta ao levantar a cabeça: "Faz isso não, menina, faz isso não..."
A menina saiu às gargalhadas, perguntando para os amigos: "Viram? Viram? Ela acordou!"; e ria mais. Os amigos se dividiram: uma da companhias dela ria junto, já o casal ficou sério, aparentando um certo desprezo pela atitude dela..
Meu ódio era tanto, que desejei o mal à ela. Não tenho o costume de ter pensamentos tão ruins e "pesados", mas em um primeiro momento foram os que eu tive. Pensava: "Essa garota merecia que alguém arrebentasse a cara dela até sangrar, merece passar fome e ir morar nas ruas para que possa acontecer com ela o mesmo que ela fez com essa senhora!"
Foi um pensamento ruim, mas incontrolável! Meu coração batia forte, meu estômago estava doendo de tanto ódio. Depois fui me acalmando e tentando reorganizar meus pensamentos, consegui passar a apenas desejar que essa menina aprendesse da melhor forma que aquilo não era certo, e que ela deveria ter compaixão por aquelas pessoas.
Não sei a que atribuo esse tipo de comportamento, se é algo natural do coração de algumas pessoas, se é criação ou reflexo de algo que aquela pessoa passou na vida. Mas acho que TODOS OS PAIS deveriam mostrar aos seus filhos desde SEMPRE como o mundo é cruel e como existem diferenças sociais, que devemos lutar com as armas que temos ao nosso alcance para que a situação dos moradores de rua mude, fazer as nossas crianças entenderem o quanto dói não ter o que comer, não ter onde morar e como é indigno um ser humano viver daquele jeito. Talvez assim, em um futuro próximo, tenhamos jovens menos IMBECIS, menos frios, e menos alheios às dores dos outros.
Compaixão e empatia são TUDO!